quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A pedra, a sonda, a agua e a igreja.

   Se existe uma experiencia humana de dor física extrema que eu conheça, essa experiencia se chama pedra nos rins.
  Algumas semana atraz eu tive a honra de ser achado digno de receber em meu próprio corpo essa preciosidade chamada NEFROLITÍASE (Sim este é o nome que os médicos dão à tão famosa pedra nos rins).
   A dor é a mesma em cada mortal, não sofri mais que ninguém que já passou por esta experiencia, a dor não me fez ser alguém especial, muito menos um ser merecedor de qualquer benção por tal sofrimento, mas ela me fez refletir e acabei aprendendo um pouco a respeito do poder purificador da agua, da função dos rins e do mal que sobrevém ao corpo quando não utilizamos à agua de maneira adequada.

   São 5 da manhã no horário de verão Brasileiro e o Espirito Santo começou a me incomodar com uma série de questões que abalaram meu ministério,  me fez rever minhas convicções e nos momentos em que eu os estava a experimentar doeu tanto na minha alma, quanto a dor que senti com esta pedra nos rins. E é sobre esse ponto de vista que quero discorrer nas próximas linhas.
   Se você é um cara sarado, curado, e tiver certeza das suas convicções, certeza que suas motivações estão corretas e que seu ministério não precisa de uma reviravolta, aconselho a não perder seu tempo lendo este texto, porque eu não o estou escrevendo pros santos curados, estou escrevendo pra quem está passando ou acompanha quem esta passando pela experiência da pedra na alma, da sonda interior, estou escrevendo para aqueles que dão a sua vida para que a obra de DEUS seja feita aqui na terra, mas que em algum momento teve sua vida abalada por uma "Nefrolitiase espiritual".

    Poucas dores se assemelham à dor das pedras nos rins, segundo meu médico é uma dor superior à dor do parto e um pouco semelhante à dor da pedra na vesícula e da apendicite.
   Semelhantemente poucas dores superam àquelas que a igreja sofre enquanto estão dando suas vidas pela obra de DEUS e pelas almas, geralmente inspirados pelas palavras daqueles santos homens de Deus, grandes lideres  que nos impulsionam a seguirem nossos chamados, nos ajudando a cumprir o "IDE" que por muitas das vezes nos faz gastar toda nossa energia, todo nosso tempo, toda nossa força e as vezes até mesmo todo o nosso dinheiro.
    A um tempo atras, eu e minha esposa estávamos tão envolvidos na obra, tão preocupados em cuidar daqueles que o Senhor nos tinha confiado, que não tínhamos tempo pra nos preocuparmos com nossos próprios problemas, foi um tempo maravilhoso do qual sempre sentiremos saudades, crescemos muito em DEUS e Ele mesmo cuidava de nós, de nossos problemas, de nossa saúde... E apesar de na época não termos nem muito tempo pra ficarmos sozinhos (Eramos recém casados) esse foi o melhor tempo de nossas vidas.
     Foi um tempo maravilhoso de frutificação, ganhávamos muitas almas pra Jesus e inspirávamos outros a ganharem também, consolidávamos os frutos e podíamos ver claramente o poder milagroso do Espirito Santo transformando e curando vidas.
     Pra nós o maior milagre, foi quando o nosso grupo (Equipe de 12 do  Pastor ) sozinho conseguiu encher um acampamento de jovens todos entregues e de coração aberto a DEUS, todos eram discípulos, todos queriam ouvir de DEUS, um acampamento lotado de jovens, era um fruto do trabalho do nosso grupo que somavam metade dos jovens da igreja na época.
     Isso tudo nos enchia de orgulho, nosso grupo quase que carregava sozinho o ministério de jovens da Igreja Sede , e eu e minha esposa eramos lideres de duas células(Grupos pequenos), uma de edificação e outra de multiplicação, na de multiplicação chegamos a ter 25 membros  além da nossa equipe de 12 ( 6 homens e mulheres capacitados para serem lideres sobre nossa supervisão) que lindo tudo isso né? Que mortal não se sentiria realizado e agraciado por DEUS com todos esses números e com todo esse sucesso? Como Cantores levitas, eramos da equipe de louvor da  Nação  Jovem (Ministrávamos todos sábados e alguns domingos).  Era tudo muito lindo, tudo funcionava perfeitamente, tudo estava perfeitamente em seu lugar, até que uma "Nefrolitíase espiritual" alcançou as nossas vidas.
      Fomos traídos pelos nossos melhores amigos, fomos roubados por aqueles que frequentavam a nossa casa, comia o nosso pão e aparentemente compartilhava da nossa alegria, aparentemente eram nossos irmãos queridos, pessoas nos quais depositávamos toda nossa confiança, irmãos de discipulado.
      Eu como sacerdote de meu lar, me encarreguei de resolver essas pendências junto ao pastor que nos supervisionava (Nosso amado Bispo), que sabiamente conduzia todo o processo de negociação entre eu e o irmão em questão, mas, eu não fui muito sábio, confiava demasiadamente em qualquer um que fazia parte da igreja, principalmente naqueles que participavam conosco no ministério.
      "Por toda palavra que sair de sua boca serás julgado" e eu fui julgado acertivamente pelos meus erros, comuniquei ingenuamente a situação, sofri o dolo, mas não suportei a pressão e falei demais, minhas palavras chegaram até meu líder pela boca daquele que lutava contra mim, sim, minha moral foi a zero, o grau de confiança que tinha do meu líder  também foi a zero, e eu por ter errado com as palavras, não tinha argumento para me defender.
     Sem credibilidade com meu líder  envergonhado e falido, passei a duvidar da Instituição, a temer os santos, passei a duvidar até de mim mesmo.
      Estávamos muito abalados, estávamos cercados por várias pessoas, mas nos sentimos sozinhos, consolávamos as  pessoas, mas quem nos poderia consolar? Quem choraria nossas lágrimas? Quem se levantaria por nossa causa? Como lideres não podíamos compartilhar com nossos liderados os nossos problemas pois correríamos o risco de causar insurreição, como liderados, não podíamos conversar com nossos lideres sobre nossos problemas pois as palavras erradas que saíram da minha boca destruíram minha imagem e naquela causa eu já tinha sido julgado como culpado.
     A dor era insuportável, aquela "Nefrolitiase espiritual" estava por nos arrancar os rins, não havia analgésico que pudesse sarar nossas dores, chorávamos dia e noite, mas continuávamos a fazer obra e a palavra de ordem na nossa casa era (Nosso redentor vive, ouvirá nosso clamor e virá nos socorrer).
    O tempo foi passando e cada dia mais a nossa dor aumentava, eu não suportava mais subir ao púlpito para ministrar pois minha alma estava doente e quando eu olhava pra baixo e via aquela amada pedra nos rins sentada na primeira fila da igreja, a única coisa que eu conseguia sentir era raiva e eu sabia que não podia ministrar assim.
    Após alguns dias, tivemos uma nova reunião onde logo na hora que cheguei e pronunciei as primeiras palavras fui convidado a ficar calado, com o argumento que se eu continuasse falando iria atrapalhar a negociação pois eu era uma pessoas inconstante, mal-faladora e inconsequente, (Poxa que cólica  nem mesmo a morfina sararia essa dor ai).
     O que você faria nessa situação? Abaixei a cabeça com lágrima nos olhos, escutei tudo que tinha que escutar e disse as seguintes palavras - Meu querido, muitos no nosso meio (citei vários nomes) sofreram com suas atitudes, muitos no nosso meio tiveram suas vidas destruídas por se envolverem financeiramente e emocionalmente com você (citei nomes), creio que DEUS me permitiu passar por isso pra você ser desmascarado e para que essas atitudes fraudulentas cessassem, DEUS permitiu que acontecesse, tudo isso para que você nunca mais fraudasse a ninguém,  para que eu fosse o último, você tem se safado de tudo isso porque é um bom negociador, um bom marqueteiro e eu não aprendi a me defender porque fui ensinado que o Mestre dos mestres me defende e no último dia DEUS julgará nossa causa e todos saberão quem é o justo. (Nesse momento fui interrompido pelo líder que me repreendeu dizendo que aquilo deveria ser julgado naquela hora e não no último dia.) me recompus em meio as lágrimas tentando estancar o sangue e esquecer aquela dor destruidora, juntei forças não sei de onde e exclamei. - Creio que DEUS me permitiu passar por isso, DEUS me permitiu perder meu carro, reputação e finanças, para que hoje eu pudesse trazer a tona todos o mal que você tem feito aqueles que confiam em você no meio da igreja.
      Eu tinha levantado provas irrefutáveis dos pecados do irmão, tinha cheques em mãos, relatórios  histórias verídicas e comprovadas a respeito dele que eram de domínio público, histórias de irmãos fraudados e finalizei dizendo: - Por favor, que eu seja o último a passar por isso, não seja tão obscuro, faça negócios como cristão, na claridade, na honestidade.
      O Bispo, negociou os termos da conciliação onde abri mão de vários dos meus direitos afim de resolver a pendência mas, nunca recebi aquela ligação que me faria sorrir por ser ressarcido de meus prejuízos e  perdoei com muito custo o irmão e toquei a vida pra frente.
      Quantos não passaram por isso não é verdade? Quem está livre desse tipo de dor, a dor da rejeição, a dor da perda, a dor de ser condenado quando não se tem culpa, a dor de perder a confiança daqueles que te amam, a dor de perder tudo em que você se amparava pra andar!!!
      Que dor horrível pode trazer uma pequena e simples pedra que por ventura se alojaria em suas entranhas. (No meu caso 5 pequeninas pedras  de 0,5mm).
      Por causa disso,  entreguei os cargos na igreja, os discípulos,  a célula (Grupo pequeno), o louvor, me recolhi à minha insignificância, com dores de pedra nos rins e sem o apoio dos que eu amava.
       Os discípulos não acreditavam naquilo que eu estava fazendo (Eu nunca havia contado sobre o que passei a eles), muitos me condenaram porque eu sempre preguei sobre fidelidade, e agora falava que estava passando a responsabilidade sobre todos eles para o meu líder, estava até largando a célula e falando sobre mudar de cidade e sair da sede.
      Sim, parei com tudo meus irmãos, eu precisava entrar na caverna de adulão pra, fugir de meus inimigos e tratar minhas feridas, precisava cuidar da minha esposa, precisa rever meus conceitos e valores, precisava rever minha vida.

     Essa é a parte da história da pedra, aquela que me infringiu grande dor, não deixe de conferi a segunda parte da história onde discorro da sonda, da agua e da igreja.

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